O principal problema do Bodyboard é a imagem. A imagem do Bodyboard está muito associada ao Surf e sempre que ela existir o Bodyboard não vai emergir economicamente. Actualmente os gestores de empresas de Surf sabem, que basta investir no Surf para chegar ao mercado do Bodyboard. O inverso não acontece.
Todos tivemos abordagens diferentes na iniciação ao Bodyboard. No meu caso comecei para passar o tempo, continuei porque gosto e nunca tentei criar uma imagem minha de surfista. Outros começam porque gostam do estilo de vida de Surfista, usando apenas um veículo diferente para “cavalgar” as ondas. Depois é só vê-los a consumir a filosofia do Surf e assumirem o dito estilo de vida, que a Indústria do Surf absorveu e reclamou como sua.
Se identificarmos apenas o “cavalgar” nas ondas, sem fazer diferenciação ao veiculo usado, o que distingue esta “tribo” das outras, é o estilo de vida de Sol, praia, bikinis, relax, pessoas bonitas, saudáveis, férias e curtir a vida. Este é o principal produto que se vende ao mercado de “cavalgar” nas ondas, o “estilo de vida”. Para mim este “estilo de vida” nunca vai acabar, porque vende sonhos, uma filosofia. Um pequeno exemplo seria dizer que o “estilo” de vida “cavalgar” nas ondas é partilhado pelo Surf (70%), Bodyboard (15%) e outros (15%).
Neste mercado, ao qual o Bodyboard faz parte, não há força para o Bodyboard aglutinar ou reclamar este “estilo de vida”, porque é mais pequeno, mais recente, já existia e muito dos seus praticantes se confundem com o mercado do Surf. Enquanto o Bodyboard estiver associado à imagem do “estilo de vida” do Surf, o Bodyboard ficará sempre à sombra do gigante.
Na minha opinião até as novas empresas na indústria, que pretendem vender este sonho de vida, adoptam o Bodyboard como uma 1ª aproximação ao mercado, para depois de consolidado dar o salto para o Surf. É o caso da Deeply, que na minha perspectiva, entrou em força no Bodyboard por ser de início economicamente mais vantajoso, mas de certeza que o alvo principal é o Surf. Não faz sentido investir no Bodyboard e estagnar, é lógico e faz sentido depois atacar a grande fatia da indústria filosofia de vida, o Surf.
O futuro do Bodyboard poderá passar por dois cenários, esperar pela evolução do mercado para crescer, ou mudar de filosofia/estilo de vida:
O primeiro o mais natural e provável de acontecer, será o caminho mais difícil e penoso para o Bodyboard. Esperar que os seus verdadeiros praticantes cresçam mentalmente e comecem a dar valor às marcas 100% Bodyboard. Esperar que a fatia do Bodyboard seja mais relevante nesta indústria, porém falta muito para lá chegar e muita coisa vai acontecer e muitos anos vão passar, excepto, como já referi, se houver uma mudança de mentalidade em todos os Bodyboarders. Talvez fazer acções, bem pensadas estrategicamente, para apontar o caminho a seguir, para aumentar a exposição e quota no mercado do estilo de vida.
O segundo será uma evolução premeditada e concertada de toda a Indústria do Bodyboard, para adoptar uma filosofia diferente, ou que seja distinta do Surf, isto é seguir radicalmente um caminho diferente do Surf life style. Neste cenário teria de ser um conjunto de empresas de Bodyboard, associadas em transformar o Bodyboard, lançando primeiro a “ideia de filosofia” e investindo com o objectivo de torna-la única. Para mim seria apostar onde o Bodyboard é diferente e melhor que o Surf. O Bodyboard é mais soul, mais root, mais hardcore, mais pesado, enfim apostar numa abordagem não tão comercial e numa estratégia de Marketing, feito por pessoas de Marketing e não pessoas que pensam que sabem tudo de Surf.
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